El Clásico! Que jogão! Para nós, jornalistas, é ingrato escrever os próximos parágrafos para aqueles que não viram o jogo e para aqueles que viram, porque por vezes as palavras são insuficientes para descrever emoções. É que este foi mesmo um jogo emocionante entre Real Madrid e Barcelona, com domínios de parte a parte, momentos incríveis de ter Stegen e Courtois, decidido num pormenor e festejado por Vinícius Júnior (e pelos merengues) no golo que ajudou a devolver a liderança à capital espanhola, que viu a equipa da casa vencer o rival de Barcelona por 2x0.
Calma! Antes do que escrevemos aconteceu tanta coisa. Houve uma primeira parte digna de xadrez de relvado, com dois treinadores a colocarem as suas equipas a jogar como queriam, mas sempre condicionados pelos adversários. Os peões foram todos reis e rainhas neste jogo nem sempre brilhante tecnicamente, mas rico a nível tático e disputado à boa maneira de um El Clásico.
O Barcelona foi superior na primeira parte. Melhor. Foi superior sempre que conseguiu ter bola no pé e construir com calma, encontrando espaços na defesa merengue com alguma frequência, especialmente no lado direito, onde Sérgio Ramos foi pouco amigo de Marcelo, muitas vezes sozinho nas movimentações de Nélson Semedo - primeira parte fantástica do português - e daqueles que por lá passavam. O Real Madrid, nos primeiros minutos, conseguiu superar com qualidade a pressão alta da equipa de Quique Setién, mas o estratega arrumou as peças, pausou o jogo e depois de ter Stegen passar por alguns calafrios foi Courtois a entrar em jogo.
A reta final do primeiro tempo foi de autêntica pressão catalã, com Messi a recuar para as zonas de construção e a dificultar as marcações merengues, até então bem definidas. Arthur, Messi e Griezmann apareceram na cara do golo, mas com Courtois essa expressão não existe. O belga segurou a equipa da casa nos momentos mais complicados e foi graças a ele que o empate sem golos continuou até ao intervalo. Faltava apenas isso para animar ainda mais um El Clásico do qual ninguém conseguia tirar a vista, nem mesmo para ir à casa de banho. Só que o intervalo (e mais 10 minutinhos) mudou por completo o jogo. Uma defesa brutal de ter Stegen catapultou... o Real Madrid para uma exibição de líder!
Não falamos de uma defesa qualquer. É ter Stegen, sim. O alemão já fez defesas fenomenais, mas esta foi das melhores da carreira. O remate de Isco fez um arco quase perfeito, mas ter Stegen foi pornográfico na defesa que despertou o Bernabéu e o Real Madrid para uma grande exibição na segunda parte [se acha que exageramos nas palavras, veja aqui a extraordinária defesa do guarda-redes do Barcelona].
O momento fez desesperar Isco e os adeptos merengues, mas a equipa de Zidane despertou e de que maneira para os 35 minutos seguintes. Isco viu Piqué tirar-lhe um golo em cima da linha, Benzema desperdiçou uma ocasião clara. Enquanto isto o Barcelona ficava a ver jogar e Setién fartou-se.
O técnico espanhol mostrou que queria vencer o primeiro El Clásico da carreira, lançou Braithwaite a jogo e tirou Vidal. Uma substituição virada para a frente... que abriu um espaço fatal atrás. O dinamarquês ficou a dormir enquanto Kroos indicava a Vinícius Júnior o caminho do golo. O brasileiro, que até então tinha perdido muitas jogadas na definição, rematou e contou com um desvio de Piqué para o golo que o Real Madrid estava a fazer por merecer.
Em desvantagem e com o Bernabéu a arder, o Barcelona tentou responder, mas a nível coletivo as coisas não estavam a funcionar. Um problema que se estendeu a nível individual. Nestes momentos os adeptos culés suspiravam por um super Messi, mas o camisola 10 andou desaparecido, tal como o resto da equipa.
E por falar em desaparecidos, que tal fechar El Clásico com um golo de um jogador que ainda não tinha qualquer minuto na La Liga? Mariano Díaz entrou e no primeiro minuto da época para o campeonato acabou com o jogo. E que jogo!
São dos melhores da atualidade e mostraram isso mesmo no maior jogo da atualidade. Ter Stegen e Courtois foram enormes e as duas grandes figuras da partida. O belga saiu vitorioso, mas o alemão também merecia.
A defesa do guarda-redes alemão deveria ter funcionado como um alerta para o Barcelona, mas foi precisamente o contrário. A equipa catalã caiu muito de rendimento desde esse momento, o que foi estranho uma vez que tinha entrado bem na segunda parte.