Continua imparável a campanha encarnada nesta Liga NOS. Depois de uma primeira volta apenas com um deslize, a segunda arranca na mesma toada e com uma equipa que, com Rafa no ataque, fica ainda mais explosiva. O Paços de Ferreira, que vinha de uma boa fase defensiva, não conseguiu ter argumentos e caiu perante um Benfica mais folgado e com muita pujança.
Podia estar há quatro jogos sem sofrer golos no campeonato (e a conceder poucas oportunidades, diga-se), só que, desta vez, era um adversário diferente. Por isso, Pepa reforçou o miolo e deu-lhe novamente Diaby, agora para acompanhar Eustáquio, subindo Pedrinho no terreno. Além disso, inverteu o que tem sido habitual e lançou Adriano Castanheira pela esquerda e Hélder Ferreira pela direita. Truques, táticas, fator surpresa. Conseguiu, assim, o Paços de Ferreira apresentar-se capaz de dividir o jogo nos primeiros minutos, ganhando cantos, fazendo subir as linhas e mostrando que a forma em crescendo permitia encarar o jogo com otimismo.
Mas foi sol de pouca dura, tal como no céu. À medida que a noite foi caindo, os encarnados foram subindo e obrigaram os pacenses a sucumbir nessa tentativa de equilibrar as forças. Nada que a turma de Pepa tenha estranhado, obviamente. Primeiro, de livre, depois, num canto (bola na trave), o Benfica chegou ao minuto 10 e arrancou para a superioridade que se contava e para uma avalanche de oportunidades. Até lá, tentou inverter as suas asas para fazer face à tal troca no Paços: Cervi foi à direita, Pizzi à esquerda. Não durou muito. E foi na sua versão tradicional, mas modernizada com o regresso de Rafa, que o conjunto de Lage se lançou à procura da vitória.
Atenção: não queremos, com isto, dizer que foi jogo de sentido único. Longe disso. Aliás, Vlachodimos também teve de se aplicar e brilhar, como tem sido seu hábito, a meio do primeiro tempo. Só que era muito menos solicitado do que o homem das luvas pacenses. Vinícius deu um golo a Pizzi, mas adiantou-se 4 centímetros e não valeu. Ambos tentariam novamente, como Ferro e Rafa, e seria este último a encontrar o caminho do golo, num bom passe de Rúben Dias e num excelente trabalho da novidade (chamar-lhe 'surpresa' seria um exagero) no onze de Bruno Lage.
Se uma nova estratégia, pensada por Pepa, estivesse no forno para a segunda parte, os cozinhados de Vinícius e Rafa tiraram-lhe o paladar, pois dois minutos bastaram para as águias dilatarem o marcador - outra vez na exploração do espaço em profundidade. Um sinal vermelho a anular o amarelo.
Não podia ter corrido melhor aos encarnados. O golo a abrir a segunda parte deu a margem de conforto necessária para uma gestão mais cuidada do jogo. Bem menos correrias, mais procura de posse e menos riscos. Não eram necessários.
Do outro lado, Ricardo Ribeiro também teve uma segunda parte mais tranquila. Os ataques encarnados foram menores, quer no seguimento do 0x2, quer quando, com as substituições, a equipa passou para o 4x3x3, já com Taarabt em campo. Seferovic falhou um golo feito por Grimaldo. E Jota voltou, na última nota de relevo.
Descontamos a questão cultural e a particularidade de, em Portugal, em vários estádios se torcer mais por equipas forasteiras do que pelos anfitriões. O ambiente no Capital do Móvel foi fantástico. De um lado e do outro, embora com mais adeptos encarnados (que se fizeram ouvir), assistiu-se ao recorde de assistência no palco pacense (9.146 adeptos), que está bonito e com aspeto moderno, sem lhe tirar o misticismo. Não houve tochas no relvado, não houve petardos e não houve grandes confusões. Hoje em dia, infelizmente, é algo que merece aplauso.
Poucas ou nenhumas vezes funcionou e, se no capítulo ofensivo não houve capacidade para explorar as subidas de Grimaldo e alguma exposição a que por aí o Benfica se arrisca, no plano defensivo o resultado não foi melhor, surgindo também aí muitos lances em que os encarnados tiveram todo o espaço e tempo para desequilibrar.