Tinha sido assim contra o Santa Clara, voltou a sê-lo contra o Marítimo, curiosamente outra equipa insular. O Paços de Ferreira entrou no jogo a querer vencer em casa e não só não venceu como não marcou... e perdeu, muito por culpa própria. Um filme parecido com o de há duas semanas, juntando-se agora o facto de o Marítimo ter jogado por muito tempo em desvantagem numérica e mesmo assim o Paços ter consentido e não marcado.
Ambas as equipas começavam a jornada com apenas um ponto e quem largou a cauda da tabela foi quem melhor geriu as emoções: a equipa de Nuno Manta Santos, eficaz numa bola parada e numa de poucas aproximações à baliza pacense. O Paços teve muito mais bola mas demasiadas vezes não soube o que fazer com ela, teve mais do dobro dos remates e ainda assim ficou a sensação de um resultado que não é desajustado.
Vimos uma primeira parte em que o Paços foi quem mais procurou o golo mas acumulavam-se demasiadas jogadas perdidas. Ora perdidas nas execuções ineficazes na frente (como a de Hélder Ferreira logo a abrir), ora perdidas na agressividade por muitas vezes excessiva, punida com três amarelos e um vermelho antes do intervalo.
O vermelho, que obrigou a ajustes do treinador do Marítimo, foi para o francês Franck Bambock, por entrada dura sobre Dadashov. Talvez a intenção não tenha sido má, mas a execução do corte foi demasiado imprudente e, parece-nos, adequadamente punida.
Nuno Manta, que tinha começado o jogo com Maeda ao lado de Pinho na frente e uma estratégia de contra-ataque a confiar na explosão do japonês e técnica do brasileiro, viu-se obrigado a mexer na equipa. Aproximou Maeda dos médios e isso até acabou por dar soluções que não se viam antes: o nipónico investia mais em fazer a ligação do meio-campo a Pinho e o brasileiro até teve dois lances de perigo perto do intervalo, primeiro fazendo a bola passar perto da baliza e depois obrigando a defesa de Simão Bertelli.
Foram avisos para o que viria mais tarde, porque seria ele mesmo, Rodrigo Pinho, a principal arma apontada à baliza de Simão, a penalizar um Paços que não sabia ir da vontade de controlar (exibida outra vez no arranque da segunda parte) até aos golos. O 9 dos madeirenses foi 9 como ninguém do Paços conseguia ser: cabeça à matador a desviar um livre e vantagem madeirense.
Como no anterior jogo em casa (insistindo nesta ideia, porque parece obrigatório), teria bastado um pouquinho mais de discernimento pacense na frente para que o resultado tivesse sido diferente, mas no momento da decisão decidia-se sempre mal. Dadashov, o suposto homem-golo pacense, era a face mais visível do desperdício. Ainda introduziu a bola na baliza adversária, mas o lance foi anulado, numa segunda parte em que Maeda podia bem ter ampliado para dois a zero.
Dos adeptos vinham apupos, no relvado via-se o Marítimo a queimar tempo (de forma algo excessiva), do árbitro veio o apito final com a margem mínima no marcador e nas bancadas viram-se os primeiros lenços brancos da Liga 2019/20.