À lei da Pistola, do Ferro e da bomba

Não foi fácil, mas está feito! O Benfica está nos quartos de final da Liga Europa. De olhos postos na reviravolta, os encarnados só conseguiram desatar o nó frente ao Dinamo (3x0 a.p.) na segunda parte, já depois da entrada de Jonas, mas tiveram de esperar pelo prolongamento para encontrar o caminho para os quartos.

Jonas abriu a contagem à Pistola, Francisco Ferreira, mais conhecido por Ferro, apontou um golo fantástico e que tão cedo não irá esquecer. Por ter sido o primeiro na Europa e por ter ajudado na qualificação às águias. E como se não bastasse, Grimaldo não quis ficar atrás do internacional sub-21 português e também deu a conhecer uma obra de arte. Agora é tempo de descansar para voltar a pensar no Campeonato.

Dificuldade em ligar o jogo

A surpresa foi relativamente grande quando foi revelado o onze do Benfica para o encontro da segunda mão dos oitavos da Liga Europa. Bruno Lage voltou a apostar na rotatividade (ou na gestão, como o treinador gosta de definir as mudanças na equipa), tal como acontecera em Zagreb (1x0), e surpreendeu com a aposta em Yuri Ribeiro no lado esquerdo da defesa, Zivkovic numa das alas e um ataque móvel, composto por Rafa e Jota.

Em desvantagem na eliminatória, o Benfica sabia que tinha de correr muito mais do que o adversário para dar a volta à eliminatória e o Dinamo até deu a iniciativa de jogo aos encarnados, nem sempre aproveitada da melhor forma pelas águias.

Muitas dificuldades para ligar o jogo entre linhas, pouca fluidez nos processos e demasiado jogo direto para um ataque sem Seferovic, elemento que tem assumido um papel muito importante no ataque à profundidade desde a entrada de Bruno Lage. Rafa e, sobretudo, Jota não conseguiram dar essa dinâmica.

O Benfica teve sempre mais bola, dado inegável, mas não teve capacidade para definir o caminho para a baliza de Livakovic no primeiro tempo – tocaram por uma vez a bola na área croata nos primeiros 30 minutos. Este dado estatístico diz muito das dificuldades sentidas.

O primeiro remate surgiu apenas aos 38 minutos e houve outro aos 42, ambos com o mesmo destino: defesa de Livakovic. No lado do Dinamo, zero. Mais preocupação em defender a vantagem na eliminatória e manter o bloco sólido. O resultado agradava e servia as pretensões da equipa de Nenad Bjelica.

Entrada de Jonas foi importante para o jogo do Benfica ©Carlos Alberto Costa

Lage percebeu onde estavam as limitações

Grimaldo e Jonas ficaram no relvado no intervalo e aí percebeu-se aquilo que já muitos tinham percebido na bancada. Após uma primeira parte em que pouco ou nada saiu bem dos pés de Yuri Ribeiro, talvez fruto de um nervosismo acumulado pelos sucessivos erros, o tempo de jogo do lateral esquerdo tinha-se esgotado.

Já a entrada do avançado brasileiro, para saída de Zivkovic, que também acrescentou muito pouco, explica-se pela necessidade em dar uma nova alma ao ataque benfiquista. A referência que tanto faltou era Jonas. Estava à vista de todos.

O Dinamo deu o ar da sua graça aos 50 minutos, através de Dani Olmo, naquela que foi a primeira e única grande oportunidade para os croatas durante o tempo regulamentar. Odysseas mostrou serviço e permitiu que o Benfica tivesse tempo para igualar a eliminatória.

Jonas Pistolas (quem mais poderia ser?) foi como um abre-latas e aproveitou a assistência de Pizzi, isto depois de um passe soberbo de Ferro, para fazer o 1x0. E só não marcou o 2x0 porque o guarda-redes do Dinamo forçou o prolongamento.

De aviso em aviso até ao golpe final

Embalado pelo golo de Jonas, o Benfica continuou a pressionar o Dinamo e, depois de avisos de Pizzi e Jonas, acabou por chegar ao segundo golo num momento sublime de Ferro. O jovem central aproveitou o espaço concedido pelos croatas para atirar um bilhete que só parou na baliza à guarda de Livakovic.

A história poderia ter sido bem diferente se Gojak não tem desperdiçado de forma clamorosa o 2x1, completamente sozinho na cara de Odysseas. Perdida incrível! Não aproveitaram os croatas, aproveitaram os portugueses. 3x0 com assinatura de Grimaldo, golo para ver e rever: bomba!

Na segunda parte do prolongamento, o Dinamo voltou a ter uma excelente oportunidade para reduzir e colocar-se de novo na discussão da passagem aos quartos, só que Atiemwen teve a mesma sorte de Gojak… Azar de uns, sorte de outros.

O Benfica está nos quartos de final da Liga Europa e fica agora a aguardar pelo resultado do sorteio: Chelsea, Valencia, Nápoles, Arsenal, Frankfurt, Slavia Praga ou Villarreal.