Um dia depois de ter festejado matematicamente o título nacional, o FC Porto foi para o terreno de que mais gosta e, com 50 mil nas bancadas, rubricou a assinatura na taça com mais uma vitória, mais três pontos e mais uma demonstração de que foi e é, nos vários contextos, a equipa mais forte do campeonato.
Alívio, êxtase, explosão de alegria. Um pouco de tudo isso era o sentimento global de um Dragão que, cinco anos depois, voltou a celebrar o título mais desejado, numa espécie de retomar do que era um hábito regular e que foi travado pela sequência do Benfica. Um contexto que qualquer leitor conhece, mas que muito conta para começar a analisar um jogo que começou muito antes do apito inicial. No fundo, começou na noite anterior, a seguir ao apito final de Carlos Xistra em Alvalade que confirmou o título azul e branco.
Também por causa disso, por toda a festa noite dentro, pela lógica mudança de rotina e por toda a tarde de comemoração de milhares de pessoas à volta do Dragão, o que deu, por exemplo, numa entrada da comitiva no estádio a apenas uma hora do jogo, houve uma diferença considerável de realidade preparatória.
Mesmo assim, foi uma primeira parte interessante e bem jogada. O Feirense, já conhecedor dos resultados da concorrência, sabia que ia acabar a jornada em zona de manutenção, embora sem garantias de sucesso no fim. O ambiente de festa podia ser aproveitado e foi por isso que Crivellaro, ao fim de um quarto de hora, fez a primeira ação de golo: o relate, muito distante, bateu Casillas, só que embateu na trave.
Um despertador para um FC Porto que atacou muitas vezes pela esquerda, a tentar explorar a menor rotação do jovem Diga, embora sem grande sucesso. Aliás, foi na esquerda que nasceu o golo, já na reta final do primeiro tempo, num lance concluído por Sérgio Oliveira, minutos depois de Diego Reyes também ter acertado na trave.
Ora, se a oportunidade era interessante para o Feirense fazer uma gracinha, isso foi reforçado no discurso ao intervalo, que fez com que os fogaceiros entrassem com forte ímpeto na segunda parte, com algumas investidas perto da baliza portista. Só que rapidamente tudo voltou à normalidade.
Aboubakar foi a jogo, picou para Brahimi na área e este, com dois toques, fez um golo brilhante, a coroar uma grande época num jogo em que, estatisticamente, o argelino passou a ser o portista no campeonato com mais minutos (deixou Felipe para trás).
Houve, mais do que bola, festa personalizada na bancada. O Benfica não foi esquecido e várias foram as músicas dos adeptos em jeito de provocação ao grande rival, por entre cânticos individuais aos jogadores, que devolveram o grande carinho vindo da plateia. Sérgio Conceição ficou com o aplauso da noite e respondeu com vénias aos quatro cantos do estádio.
No fim, a taça do 28.º campeonato entregue à equipa que mais a mereceu.
Fizeram falta campeões como Danilo Pereira ou Diogo Dalot, ambos a recuperarem de lesões graves que lhes retiraram a oportunidade de participar de forma ativa na fase final da temporada, ambos atletas muito acarinhados pela massa adepta portista.