Miguel Cardoso já disse que o quinto lugar é, para o Rio Ave, como ser campeão de Portugal. Com um triunfo arrancado a ferros diante do Feirense, a equipa vila-condense reforçou o estatuto de favorita à conquista desse título não-oficial. Não foi fácil e implicou mudanças no plano de jogo ao longo dos 90 minutos, mas os três pontos ficaram nos Arcos. Pertenceram à equipa que mais bola teve e que, com o tempo, lá descobriu o que fazer com ela.
Ainda faltava uma hora para o apito inicial em Vila do Conde, numa tarde em que a chuva alternava com o sol, para chegar a primeira surpresa, logo na ficha de jogo: Francisco Geraldes estava no banco e Gabrielzinho no onze inicial pela primeira vez na temporada. O brasileiro juntava-se a João Novais e Barreto num trio ofensivo que, durante longos 45 minutos, não funcionou.
Sem precisar nessa fase de toda a eficácia que demonstrou no duelo recente com o Boavista, o Feirense de Nuno Manta Santos beneficiou inicialmente da solidez defensiva que foi demonstrando no primeiro tempo e de uma falha defensiva do adversário para chegar muito cedo ao golo inaugural e ao fim do primeiro tempo com uma vantagem algo surpreendente.
Foi com apenas oito minutos que um cruzamento de Jean Sony chegou às costas da defesa do Rio Ave com mais perigo do que deveria e Luís Machado apareceu a aproveitar a hesitação entre Lionn e Cássio para encostar. Silêncio em boa parte das bancadas, tirando entre os cerca de 30 adeptos fogaceiros presentes em Vila do Conde.
Foi em particular depois do golo que se começou a ver a toada do primeiro tempo, com um Rio Ave a ter muita posse de bola mas sem saber bem o que lhe fazer no momento da definição. Gabrielzinho falhava vezes sem conta - teve um lance de perigo aos 16 minutos, definiu sem força - e a defesa fogaceira também ia resolvendo as ameaças de Barreto, Novais e, também, de um muito ativo Yuri Ribeiro a partir do flanco esquerdo.
Brilharam os guardiões entre o fim do primeiro tempo e o arranque do segundo, com Miskiewicz (ocupou o lugar do lesionado Caio Secco) a voar para negar o golo a Guedes e Cássio com uma dupla defesa a remates de João Silva e Luís Machado. Foi depois desse segundo momento que o jogo mudou. Coincidência ou não, logo após a entrada de Francisco Geraldes.
Não foi dele a finalização, não foi dele a assistência, mas o médio criativo foi parte integrante de uma bela jogada coletiva que culminou no cruzamento de Yuri Ribeiro para o remate de Guedes. Por fim o Rio Ave começava a saber definir, a defesa feirense a não acompanhar e os vila-condenses a voltarem à luta por três pontos que a lógica ditava estarem ao alcance.
O tal Geraldes, que trazia um claro acréscimo ao jogo vila-condense, ameaçou com um remate que passou por cima da baliza de Miskiewicz e a equipa de Miguel Cardoso manteve a luta pelo triunfo, com Gelson Dala a entrar para o último quarto de hora rendendo um desapontante Gabrielzinho. O número 9 juntou-se a Guedes na linha da frente e uma jogada entre a dupla luso-angolana levou desde logo a um remate forte de Guedes que por pouco não deu em golo. Gelson Dala acabaria mesmo por ser determinante, mas de outra forma.
Já nos últimos dez minutos da partida, o angolano sofreu falta de Miskiewicz na grande área num lance que parecia controlado pelo guardião, Vasco Santos assinalou o penálti e Pelé chegou-se à frente para bater. Bola para um lado, guarda-redes para o outro e três pontos suados para o Rio Ave, que assim colocou um ponto final na série de jogos sem vencer.
2-1 | ||
Guedes 57' Pelé 86' (g.p.) | Luís Machado 8' |