Um Benfica que só durou 45 minutos, um Rio Ave que valeu em 75, um jogo de grandes emoções e uma passagem que só pode surpreender quem não assistiu ao jogo ou quem andar desatento a este Rio Ave. Um elogio à equipa de Miguel Cardoso, misturado com uma crítica a um Benfica cada vez mais dependente de individualidades e com uma deprimente falta de ideias alternativas é o que mais sobra após 120 minutos de um dos jogos mais emotivos do ano. Segue em frente o Rio Ave, cai o vencedor da Taça da época passada.
Uma noitada à moda antiga (sim, há muito que não se fazia um jogo com esta chuva, tal a seca dos últimos tempos), com jogo às 21 horas e a meio da semana tinha de ser compensada de alguma forma para os valentes que estiveram nos Arcos. E foi da melhor maneira que houve essa compensação.
Quando Jonas marcou aquele golaço, já Salvio tinha desperdiçado dois lances, Pizzi outro, Krovinovic outro e já Marcelo tinha acertado no poste da própria baliza, ficando espelhado o tal risco que Miguel Cardoso falou na antevisão, mas que, como se sabe, está na matriz desta equipa.
Quem for ver o resumo da primeira parte, certamente não se aperceberá da muita posse que a equipa vilacondense teve, pois tal não se traduziu num ascendente de oportunidades. Houve uns remates de João Novais, umas boas subidas de Yuri pela esquerda e um lance onde Guedes quase aproveitava uma má abordagem de Bruno Varela.
Miguel Cardoso não precisou, porém, de fazer grandes mexidas. Porque esta equipa tem um lado psicológico fortíssimo.
Nada melhor para a equipa da casa (e para o jogo) que o golo logo a abrir. Distração encarnada e Geraldes, a ocupar zonas mais centrais, a assistir Lionn para o empate.
A capacidade de pressão encarnada voltou a crescer com a entrada de Jiménez, um perito nesse estilo. Mas faltava tudo o resto. Krovinovic remava contra a maré do desnorte de Rui Vitória e depois não havia muito mais do esperar uma bola parada para o chuveirinho para a área.
Um deserto de ideias medonho, que incapacitou a tomada de posse do meio-campo contrário e que aguardou uma dádiva. Não foi no penálti, que Cássio defendeu de forma monstruosa, foi numa das tais bolas paradas, que Luisão empurrou para a rede.
Luisão que, ainda antes do fim dos 90 minutos, sairia com queixas, já depois de esgotadas as substituições.
A lógica dizia o seguinte: o Rio Ave ia ganhar o jogo. E não, não foi por estar a jogar contra 10. Também não foi por se ver as consequências das substituições de Rui Vitória, que depois teve de jogar com Almeida a central, Salvio a defesa direito, Zivkovic a defesa esquerdo, Seferovic a extremo esquerdo. E também não foi por a equipa encarnada estar visivelmente mais desgastada que o adversário.
Houve, aqui e ali, alguns erros naturais (veja-se a quantidade de vezes que Nadjack permitiu espaço do seu lado), mas muito pouco