De perder o fôlego. Um jogo de emoções fortes do início ao fim, com o resultado final a ficar fechado apenas nos descontos, ditou o apuramento do FC Porto para a próxima fase da Taça de Portugal. O Portimonense ameaçou seriamente uma colossal surpresa e apenas nos últimos minutos da partida o favoritismo portista teve correspondência no resultado. O FC Porto segue vivo na prova-rainha, mas por muito pouco.
O Portimonense apresentava-se num recinto complicado com o agradável futebol ofensivo construído por Vítor Oliveira como cartão de visita e fez muito por não desiludir. Procurando aproveitar os (demasiado frequentes) erros portistas, a equipa de Portimão soube reagir ao golo inicial e viria a criar sérios problemas aos dragões.
A noite fria do Dragão aqueceu cedo e Danilo Pereira foi o grande responsável. Ainda corriam os minutos iniciais, que contavam com um FC Porto (ainda) assertivo, quando um pontapé de canto batido por Alex Telles à direita encontrou Danilo Pereira, que desviou com o pé e colocou a bola por entre as pernas de Carlos Henriques.
A onda de calor, no entanto, não duraria muito. Por um misto de erros do FC Porto, em particular na zona defensiva, e de mérito algarvio na exploração dos espaços, o Portimonense voltaria à luta, com argumentos válidos para lutar pelo resultado. Nakajima era figura em destaque num ataque muito móvel e veloz.
Danilo ainda tentou repetir a façanha em resposta a uma bola parada - desta vez atirou por cima - e Corona teve uma ocasião soberba para ampliar a vantagem - sentou um adversário mas não conseguiu finalizar -, mas seria o Portimonense a faturar, num lance em que Iker Casillas, regressado ao onze, não ficou bem na fotografia: Nakajima colocou a bola em Wellington que, em posição de finalização, encostou por baixo das pernas do guardião, que não saíra no momento e da forma mais correta à bola.
O Dragão pedia mais e melhor. Os azuis-e-brancos chegavam ao intervalo com uma igualdade que não era tão surpreendente assim e para continuar vivo o FC Porto teria de se apresentar no segundo tempo mais assertivo e, acima de tudo, menos inconsequente.
Sérgio Conceição não podia estar satisfeito com o que via e por isso não demorou a mexer com a equipa: confiou em Brahimi para agitar o jogo portista, retirou um Hernâni que mais uma vez não conseguiu aproveitar a oportunidade concedida e deixou o relvado com pouco mais do que uma série de bolas perdidas para recordar.
À passagem dos 60 minutos, reinava novamente a confiança na vitória no Dragão. O FC Porto trocava melhor a bola no ataque, aproximava-se da baliza do Portimonense e só a indefinição nos últimos momentos justificava que o golo aparecesse. Mas não aparecia. Não aparecia e o Portimonense não teve dó na hora do castigo.
Uma bola entregue a Pedro Sá às portas da grande área portista não ficou muito tempo nos pés do médio. Aliás, não ficou tempo praticamente nenhum: foi diretamente para a gaveta. Casillas voou mas chegar lá era impossível. E era assim, com um grande golo, que o Portimonense consumava uma reviravolta inesperada. Ponto final? Nem por isso.
Quase não deu para ficar sentado na cadeira na reta final do encontro, e resumir o que se viu quase obriga a uma mera listagem de acontecimentos: Felipe Macedo viu o segundo amarelo e foi expulso, Sérgio Conceição foi expulso do banco por protestos na sequência de um lance em que se pediu grande penalidade que Artur Soares Dias não concedeu. O técnico portista terá sabido no túnel do que se passou a seguir.
Num lance rápido, e já dentro dos descontos, Aboubakar ficou frente a frente com o guardião adversário e repôs a igualdade para os portistas. Adivinhavam-se horas extra, mas Brahimi não estava para isso.
Num lance de erros da defesa algarvia, André Pereira tentou entregar a Aboubakar, o camaronês deixou passar e Brahimi ficou com a bola em posição perfeita. Só parou no fundo das redes e Soares Dias apitou pouco depois, dando por fim aos portistas a oportunidade de recuperarem o fôlego e continuarem a acreditar na conquista da Taça de Portugal.
⚠️HISTÓRICO!!! O 🔵FC Porto faz uma reviravolta no marcador aos 90 ou + minutos em 584 partidas (FC Porto 3-2 Portimonense).
— playmakerstats (@playmaker_PT) 17 de novembro de 2017
◼️ Portimonense sofreu pela 1.ª vez uma reviravolta aos 90 ou + minutos (407 jogos) pic.twitter.com/pear8ZOxwE