Foi com uma defesa a uma grande penalidade nos descontos da partida que Helton segurou o passapore dos portistas para a meia-final da Taça de Portugal. Brahimi fez o golo solitário, num jogo bem mais equilibrado do que o do campeonato e que teve muito para contar.
Rui Barros tinha razão: este jogo ia ser bem mais difícil que o anterior. Sánchez também tinha a sua razão: o 0x5 da Liga não espelhava a valia e, sobretudo, a raça da sua equipa. Por isso, o jogo do Bessa teve emoção até ao fim.
Brahimi com magia
Mau relvado
Depois da tempestade, não ficou nenhuma bonança no relvado. Pelo contrário, viram-se muitas irregularidades, sobretudo perto das balizas, que complicaram a tarefa dos protagonistas.
Até ao grande golo de Yacine Brahimi, tinha-se assistido a dois trechos de dérbi: aquele em que, nos primeiros 10 minutos, se viu uma pantera atrevida e capaz de discutir os terrenos intermédios do retângulo de jogo; e aquele em que, nos 15 minutos seguintes, os dragões passaram a um domínio quase absoluto.
Até ao grande golo de Brahimi, viu-se um Boavista globalmente compacto, a procurar muito a bola para Uche Nwofor e a tentar que Rúben Ribeiro encontrasse na sua precisão de passe um desequilíbrio. O número 7, que é reforço de inverno, dá claramente um acrescento de qualidade técnica, mas deu mostras de não conseguir anular a construção de Danilo Pereira.
E passou muito por aí a liberdade portista para montar jogo variado. O número 22, com tempo para pensar e esperar a melhor linha de passe, pôde dominar totalmente a zona nevrálgica. Depois, havia a escolher as linhas, que tiveram boas participações dos laterais, ou os espaços interiores, onde Herrera continua a revelar boa forma.
Depois do golo do argelino, os axadrezados tentaram crescer e conseguiram-no ligeiramente. Evandro lesionou-se e isso também contribuiu para uma momentânea necessidade de ajuste. Mas, tirando a cabeçada de Rúben Ribeiro ao lado (na verdadeira jogada com cabeça, tronco e membros da pantera no primeiro tempo), nada que beliscasse a supremacia de um FC Porto justamente à frente.
Termómetro a subir
Ânimos exaltados ©Global Imagens / Leonel de Castro
Se o primeiro tempo foi pacífico no relvado e (muito) fresquinho na bancada, a segunda parte foi bastante diferente. A razão? Sánchez terá dito e demonstrado que era possível virar o cenário.
Os boavisteiros foram bem mais audazes, ameaçando um FC Porto que entrou adormecido. Depois de uma quezília com Brahimi como protagonista, os ânimos subiram, o jogo ficou mais durinho e da bancada veio o tónico para elevar a formação da casa, que, taticamente, melhorou com a subida dos médios no terreno.
A ajudar, o vento corria a favor e Imbula, que continua a somar aspetos negativos, viu o vermelho por uma entrada mais dura sobre um adversário.
De repente, era a incerteza que mandava num jogo onde o dragão acabou a sofrer de forma considerável. Sánchez introduziu Uchebo para dar corpo à área e o avançado foi quem teve a melhor oportunidade para empatar, num disparate de Helton.
Rui Barros respondeu com Rúben Neves ao lado de Danilo e com Herrera a improvisar na esquerda. O mexicano, com enorme pulãmo, foi incansável e um dos grandes motivos para não se ver um dragão a encolher em demasia. Quando isso parecia acontecer, lá ia o 16 pressionar toda a equipa boavisteira, um por um até chegar a Mika.
Frieza de Helton
A acabar, a grande oportunidade boavisteira. Martins Indi cometeu grande penalidade e Abner tinha o prolongamento nos pés, só que Helton teve pressa em despachar o assunto, adivinhou o lado e travou a intenção.
E foi sem brilho, mas de forma eficaz e com muita emoção que o FC Porto bisou no Bessa, em três dias. As meias-finais estão aí e o Gil Vicente é quem se segue.