Colômbia x Uruguai = James Rodríguez. Para uma análise simples e concreta, talvez esta seja a equação mais acertada para explicar o que foi o jogo desta noite, que classificou os cafeteros para os quartos-de-final. Ao Uruguai não faltaram dentes cerrados, mas faltou Luis Suárez...
Era ele um dos grandes obreiros da qualificação do Uruguai para esta prova e também da fase de grupos para os oitavos-de-final. Mais do que debatida já tinha sido essa situação ao longo dos últimos dias, depois daquele lance do uruguaio com Chiellini, naquela que era, até esta noite, a imagem do Mundial.
Até esta noite porque James Rodríguez roubou todos os holofotes com aquilo que de mais bonito existe no futebol: golos artísticos. Foram dois de belo efeito, mas o segundo tem obrigatoriamente que ficar para segundo plano, já que aquilo que aconteceu aos 28 minutos foi aquilo com que, provavelmente, qualquer criança que gosta de futebol gostaria de um dia fazer.
Comecemos então por aí. Nicolas Jaar é um jovem músico americano que canta, em espanhol, o tema El Bandido. Banhado com uma sonorização que convida ao entrosamento de suspense e mistério, o tema fala de amor como um bandido e tem um verso elucidativo para o que aqui se pretende: «De Colombia a Brasil con el bandido».
Esperemos que não, porque momentos como este são sempre bem-vindos, mas muito dificilmente algo melhor em termos de beleza futebolística se verá pelos relvados brasileiros. É caso para dizer que, com tamanho assalto de El Bandido, não haveria força policial que servisse para evitar tal 'crime'.
Até aí, muito de entrega, pouco de oportunidades era o balanço dos primeiros minutos. Num jogo de decisões e de afastamentos, entre duas equipas que muito bem se conhecem, era lógico tal tendência inicial.
Depois desse golo, porém, tudo mudou. O Uruguai sentiu necessidade de reagir e, na ausência de Suárez, tinha em Edinson Cavani a sua esperança principal. Só que o avançado não está definitivamente na sua pujança máxima e não soube ser o abono de uma família talhada para sofrer e conseguir aquilo que quase não se conta.
Exemplo foi o segundo golo, de uma beleza coletiva quase idêntica à individual do primeiro. Só que, aí, James teve o trabalho muito mais facilitado por toda uma envolvência entre os seus colegas, só tendo o número 10 que empurrar para a ampliação do marcador.
Com um Jackson Martínez mais discreto do que contra o Japão, a Colômbia até ia dispensando a eficácia do Cha Cha Cha. O jogo estava no bolso e era preciso apenas saber gerir o desafio. Tabárez arriscou tudo nas substituições, tal como se lhe pedia, Pékerman foi seguro e conservador, como é seu hábito.
E, para que James não ficasse com os louros todos do inédito assalto aos quartos-de-final de um Mundial, a ele juntou-se David Ospina, muito seguro entre as redes e a segurar todas as tentativas uruguaias de voltar a brilhar no Maracanã, como em 1950.
Desta vez não o conseguiu. A Colômbia ganhou com toda a justiça e vai agora defrontar o Brasil com um duelo que se prevê delicioso: Neymar contra James Rodríguez, agora o melhor marcador da prova.
2-0 | ||
James Rodríguez 28' 50' |