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      Wolverhampton Wanderers

      Texto por Vasco Moreira
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      O Wolverhampton Wanderers Football Club é um dos mais emblemáticos clubes ingleses, tendo feito parte da fundação do primeiro campeonato inglês, para além de alavancar a criação da primeira grande competição europeia. Uma história rica e cheia de altos e baixos, com uma forte ligação a Portugal no passado recente.

      Fundação e os primeiros anos

      Em 1877, o diretor da escola St Luke's Church, em Blakenhall, presenteou um grupo de alunos com uma bola de futebol, que despertou em todos o interesse na modalidade e levou a que John Baynton e John Brodie fundassem o St. Luke FC. Dois anos volvidos e, em 1879, a fusão com o clube de críquete e futebol The Wanderers fez nascer o Wolverhampton Wanderers.

      A equipa foi convidada em 1888, para fazer parte do primeiro campeonato inglês, tornando-se assim um dos doze emblemas fundadores da competição. Na primeira edição, o Wolves terminaria em 3º lugar e chegaria ainda à sua primeira final da FA Cup – perderam 3x0 frente ao Preston North End.

      A primeira grande conquista chegou em 1893, com o triunfo na FA Cup, mas o estado de graça acabou em 1906, com a despromoção ao segundo escalão. Curiosamente, foi na segunda divisão que o clube voltou a atingir glória, com nova conquista na FA Cup.

      Seguiram-se anos de pouca glória, com o Wolves a sofrer nova despromoção em 1923. No entanto, a estadia no terceiro escalão foi curta, com o clube a alcançar a promoção um ano depois, tendo conseguido o regresso à primeira divisão em 1932.

      A era gloriosa de Stan Cullis

      O regresso ao primeiro escalão pelas mãos de Frank Buckley correu da melhor forma e o Wolves depressa se tornou um dos principais emblemas do campeonato. O clube registou três segundos lugares, sendo que, o último deles, decidido na última jornada, marcou a retirada de Stan Cullis enquanto jogador.

      Stan Cullis marcou pronfundamente o emblema inglês @Getty /
      Cullis viria a assumir o cargo de treinador pouco depois e com ele voltou também a tão desejada glória. Os lobos levantaram a terceira FA Cup da história em 1949 e chegaram ao título de campeões em 1954, capitaneados pelo lendário Billy Wright. Os anos 50 foram, de resto, anos de grande sucesso para o Wolverhampton com um total de três títulos de campeão nacional (1954, 1958, 1959) e a primeira participação nas competições europeias.

      O estádio Molineux foi um dos primeiros a instalar iluminação artificial (1953) e aproveitou-o da melhor forma, com uma série de amigáveis frente a emblemas conceituados, os floodlit friendlies. Além dos bons resultados frente a clubes como Real Madrid ou AC Milan, que elevaram o nome do Wolves por toda a Europa, os jogos provaram ainda a necessidade de uma competição europeia.

      A UEFA aprovou a competição em 1955, mas o Wolverhampton só jogaria em 1959, depois do título de campeão nacional, tornando-se na segunda equipa inglesa a participar na prova, depois do Manchester United.

      O fim da era de Stan Cullis chegou em 1964, com o despedimento do técnico depois de um início terrível, que culminaria com a despromoção ao segundo escalão.

      Da final europeia à penúria

      O clube regressaria à primeira divisão dois anos depois. Com primeiras temporadas complicadas e com um título de campeão americano (1967) pelo meio, numa competição que incluía 12 emblemas europeus, o reerguer do Wolves atingiu o apogeu em 1972, pelas mãos de Bill McGarry, com a presença na final da Taça UEFA, depois de um sólido quarto lugar no campeonato anterior.

      Os irmãos Bhatti deixaram o clube perto da extinção @DR
      Os lobos seriam derrotados na final frente ao Tottenham (2x3) depois de uma derrota caseira por 2x1 e de um empate a uma bola na segunda mão. Curiosamente, a caminhada começou com a eliminação da Académica na primeira ronda da prova, depois de duas vitórias expressivas de 3x0 e 4x1, num resultado agregado de 7x1.

      Seguiram-se as duas primeiras conquistas na Taça da Liga (1974, 1980), separadas por nova descida e despromoção entre 1976 e 1977, mas o troféu de 1980 seria o último durante um longo período de tempo.

      A crise financeira dos anos 80 não facilitou a vida ao clube, que tinha investido recentemente em novas bancadas no Molineux, e esteve à beira da extinção em 1982. A equipa foi então adquirida pelos irmãos Bhatti, mas a falta de investimento resultou em três despromoções consecutivas.

      Em 1986 o emblema atingiu o fundo. A disputar a quarta divisão inglesa, a existência do clube voltou a estar em causa e só a compra do Estádio por parte da cidade e o pagamento das dívidas por parte da Gallagher Estates e da cadeia de supermercados Asda evitaram o pior, terminando finalmente com a estadia dos irmãos Bhatti.

      Os sinais de mudança e a chegada de Hayward

      Os lobos passaram a ser liderados por Jack Harris, antigo dono do Wasall e Dick Homden. Foi precisamente Harris, que dá atualmente nome a uma das bancadas do Molineux, quem orquestrou a chegada do técnico Graham Turner no início de 1986/87 e ainda de Steve Bull, que viria a tornar-se uma verdadeira lenda do Wolverhampton.

      Silas representou o Wolves na primeira metade de 2003/04 @Getty /
      Liderados por Turner e Bull, o clube falhou a promoção por pouco na primeira temporada, mas conseguiu duas subidas consecutivas nos dois anos seguintes. A temporada de 1989/90, além do regresso tranquilo ao segundo escalão, mascou ainda o fim do período curto, mas glorioso de Jack Harris.

      Jack Hayward, adepto incondicional do Wolves, comprou o clube em maio de 1990 e começou de imediato a renovação do Estádio Molineux, de acordo com os novos regulamentos e com a substituição de duas bancadas antigas pelas novas bancadas Billy Wright e Stan Cullis, em homenagem aos dois símbolos do clube.

      Seguiram-se anos de investimento com as direções apontadas à chegada ao principal escalão, mas, depois de muitos “quases”, a tão desejada promoção só chegaria em 2003, com Dave Jones ao comando, 20 anos depois da última presença. Apesar da euforia, a época que ficou ainda marcada pela contratação de Silas – o primeiro português a representar o Wolves -, não correu da melhor forma, com o Wolverhampton a terminar no último lugar da Premier League.

      O melhor e o pior nas mãos de Steve Morgan

      Depois de tentativa falhada de regressar ao principal escalão com o experiente Glen Hoddle ao leme, Mick McCarthy assumiu o comando do clube em 2006, numa das últimas decisões de Hayward. Depois de 17 anos controlados pelo histórico adepto, o clube foi adquirido pelo empresário Steve Morgan em 2007, com o objetivo de «estabilizar o Wolves como um clube de Premiership».

      Mick McCarthy devolveu a glória ao Wolverhampton @Getty /
      McCarthy havia falhado a promoção por pouco na primeira temporada e, à terceira, conseguiu o grande objetivo, com o título do Championship e a promoção à Premier League à boleia dos 25 golos de Sylvan Ebanks-Blake – melhor marcador da prova.

      Ao contrário das presenças no principal escalão, desta vez a tão desejada estabilidade foi alcançada, com três épocas consecutivas na Premier League, que terminaram com a despromoção em 2011/12.

      Mais uma vez, ao sonho do regresso à Premier League seguiram-se duas despromoções consecutivas e em 2013 o clube estava de volta ao terceiro escalão. O Wolves conseguiu a promoção ao Championship no ano seguinte, com Kenny Jacket como técnico, que ficaria no clube até à chegada da Fosun Internacional.

      A venda à Fosun e a ligação a Portugal

      Steve Morgan colocou o clube à venda em setembro de 2015 e no final da temporada, o Wolves foi adquirido pela Fosun International, empresa de investimento chinesa liderada por Guo Guangchang.

      A Fosun apontava alto e arriscou na contratação do conceituado Walter Zenga para conseguir repor o clube na Premier League o mais depressa possível. Ainda assim, nem Zenga, nem Paul Lambert alcançaram o objetivo, apesar do investimento e das ligações entre a Fosun e Jorge Mendes, que resultaram na chegada dos portugueses João Teixeira, Hélder Costa, Sílvio e Ivan Cavaleiro ao clube.

      O sangue português despertou o gigante adormecido @Getty /
      No início de 2017/18 a direção elegeu Nuno Espírito Santo como treinador principal, aumentou o investimento e garantiu a chegada dos portugueses Rúben Neves, Roderick Miranda, Diogo Jota e Rúben Vinagre, para além de Willy Boly e Léo Bonatini, ambos com passagens pelo campeonato português.

      A época não poderia ter corrido melhor, com o Wolves a dominar por completo toda a campanha, garantindo o título de campeão e a respetiva a promoção à Premier League.

      Podia parecer impossível elevar ainda mais a batuta, mas foi exatamente isso que o técnico luso a par com a direção e toda a equipa fizeram no regresso ao maior palco do futebol inglês. Uma temporada impressionante, com o investimento em Rui Patrício, João Moutinho, Raúl Jiménez, Jonny Otto ou Leo Dendoncker a resultar da melhor forma.

      A equipa acabaria num sensacional 7º lugar, que valeu o regresso às competições europeias, 39 anos depois da última presença.

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