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Euro 1972

Euro 1972: a Alemanha toma-lhe o gosto

Texto por João Pedro Silveira
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O desporto de luto

1972 foi um ano negro na História do Desporto. No dia 5 de setembro, durante as Olimpíadas de verão realizadas em Munique na R.F.A, um comando terrorista palestiniano, denominado Setembro Negro, entrou na Aldeia Olímpica e fez refém 11 membros da comitiva israelita.

Na tentativa de resgate, já no Aeroporto da cidade bávara, os 11 membros da comitiva perderiam a vida (mais cinco terroristas e dois policias), manchando com sangue o maior evento desportivo do planeta.

Do outro lado do Atlântico, no ano em que Marlon Brando encantou as plateias ao interpretar o papel de Don Vito Corleone  no «Padrinho» de Francis Ford Coppola, o Presidente Richard Nixon conseguia finalmente retirar as tropas do Vietname e efetuava a sua histórica visita à China. Em novembro era eleito para o 2º mandato, após uma vitória eleitoral sem precedentes.
 
A fase final realizou-se na Bélgica e a grande final teve lugar na capital Bruxelas.
Nixon vivia o seu momento de glória e parecia intocável, poucos recordavam que meses antes, a 18 de junho, o jornal Washington Post chamara à primeira página o assalto decorrido no dia anterior na sede do Partido Democrata no edifício Watergate, em Washington DC. A opinião pública americana nem imaginava que tinha começado o caso, que iria obrigar Richard Nixon a ser o primeiro Presidente a abdicar do cargo e a abandonar a Casa Branca
No mesmo dia em que em Washington ocorria o assalto ao Watergate, em Bruxelas, chegara ao fim a 4ª edição do Campeonato da Europa...
 
E no princípio eram 32
 
Para se chegar ao dia da grande final, tinham participado na fase de qualificação, 32 seleções, divididas por 8 grupos de qualificação.
Romenos, húngaros, ingleses, soviéticos, belgas, italianos, jugoslavos e alemães ocidentais superaram os rivais e passaram aos quartos-de-final. Ficavam pelo caminho as candidatas Espanha e França, enquanto a Holanda, que vira o Feyenoord (1970) e o Ajax (1971, 1972) vencer as três últimas edições da Taça dos Campeões Europeias, teria de esperar mais dois anos para encantar o mundo com o seu futebol.
 
Nos quartos-de-final os húngaros eliminaram a Roménia e voltaram a marcar presença na fase final, enquanto os soviéticos deixaram pelo caminho a Jugoslávia. Já a Inglaterra foi “atropelada” pela Alemanha Federal em Wembley (1x3). Na segunda mão, em Berlim Ocidental, o empate a zero carimbou a passagem dos germânicos pela primeira vez para uma fase final de um europeu.
 
A grande surpresa foi a eliminação da campeã Itália pela “pequena” Bélgica. A um empate a zero em San Siro, seguiu-se uma vitória dos diabos vermelhos em Bruxelas (2x1). Enquanto os transalpinos ficavam fora da competição, a Bélgica ganhava o direito de organizar o evento.
 
Fase final
 
Os alemães ocidentais bateram os soviéticos com um claro 3x0 no dia da grande decisão.
|Três cidades e quatro estádios receberam o torneio. O jogo de estreia dos anfitriões foi no Estádio Bosuil em Antuérpia, onde 55,669 espetadores assistiram ao embate com a R.F.A, arbitrado pelo escocês William J. Mullan. 
 
Gerd Müller fez o primeiro golo do encontro aos 24 minutos e colocou os alemães na frente. Na segunda parte, aos 71´ o «bombardeiro» selou o destino da partida com o segundo. Os belgas ainda reduziram aos 83´ por Polleunis.
 
À mesma hora, no Constant Vanden Stock, Casa do RSC Anderlecht, a União Soviética levava de vencida a Hungria com um golo solitário de Konkov, conseguindo a qualificação para a terceira final em quatro edições.
 
A 17 de Junho os belgas fizeram valer o fator casa, batendo os húngaros por 2x1 em Liège, no jogo de atribuição do 3º e 4º lugar. 
 
No dia seguinte o Estádio do Heysel em Bruxelas, viu um endiabrado Müller marcar mais dois golos (27´,58´) que a somar ao golo de Wimmer (52´) valeu aos alemães ocidentais a conquista do seu primeiro Campeonato da Europa.
O Euro 72 é o europeu de Gerd Müller. «Der Bomber» marcou oito golos no caminho percorrido pela Mannschaft até à Bélgica.
 
Jogo após jogo, foi encontrando naturalmente o caminho para as balizas adversárias.
 
Marcou ao todo 12 golos na competição, pois aos oito da primeira fase, somaram-se ainda mais quatro golos apontados nos dois jogos da fase final, fruto do duplo «bis» apontado nas meias e na final.
 
O «bis» foi uma marca do avançado do Bayern durante a competição: Turquia, Polónia, Inglaterra, Bélgica e URSS, todos eles sofreram na pele esse gosto especial pelo «bis» do demolidor bombardeiro de Nördlingen, que então contava 26 anos. 

Comentários

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motivo:
Parabens
2012-05-04 11h14m por bruninho_13
Ao zerozero por este trabalho muito bom sobre toda a historia do Euro e dos anos em que se realizam. . . muito bom
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